A gestão da empresa e seu método de sistematização precisam ir ao encontro da cultura e dos objetivos organizacionais. Para muitas empresas, o organograma linear pode colaborar muito para os objetivos estratégicos.
Ainda que seja um modelo mais convencional em comparação a outros, como o circular, o organograma linear é acompanhado de um paradoxo: ele tem se mostrado bastante adequado para gerir times a distância, em modelo remoto ou híbrido.
A gestão de formatos de trabalho muito atuais e que tendem a se consolidar, portanto, é beneficiada pelo uso de um organograma linear, já que ele estabelece relações com clareza.
Mesmo na área da tecnologia, que costuma adotar formatos de gestão mais descentralizados, há quem defenda que é preciso considerar o contexto de cada empresa.
Saiba mais: Organograma Vertical: o que é e como elaborar [Guia 2023]
O organograma basicamente é uma representação visual da estrutura organizacional. Ele demonstra como cada função e cargo estão posicionados dentro de setores, departamentos e, até mesmo, localidades geográficas, caso queira, dentro da organização.
Dessa forma, o organograma permite aos interessados visualizar onde cada colaborador e cada função estão posicionados na estrutura hierárquica; o que compete a cada um e a quem respondem.
O organograma, portanto, fornece um panorama sistematizado da estrutura funcional da empresa e ajuda a identificar com facilidade quem é responsável por determinadas tarefas, de acordo com as job descriptions.
De olho no organograma, os gestores sabem a quem delegar, quem cobrar e quais possibilidades eles têm inclusive para eventuais intercâmbios de colaboradores entre times para projetos especiais, por exemplo.
O modelo do organograma linear sistematiza as demandas e as responsabilidades de cada setor e de cada cargo, de maneira bem definida. Nele, fica bem claro quem responde a quem.
Outro fator característico do organograma linear é que ele possibilita encontrar pontos de convergência entre as áreas, para que elas possam atuar em colaboração ou, até mesmo, sejam unificadas, caso seja viável.
A organização visual deste modelo também pode ser feita em formato de tabela, listando cargos ou áreas e demandas ou responsabilidades, respectivamente, nas linhas e colunas.
O organograma linear funciona como a “planta”, ou o “croqui”, da estrutura da empresa. Caso seja estruturado em formato de gráfico ou pirâmide, no topo estará o cargo mais alto da organização. Caso seja usada uma tabela, o maior cargo será o primeiro a aparecer na linha superior.
A partir daí, os demais cargos serão dispostos, respectivamente, conforme a hierarquia. Independentemente da representação visual escolhida, todos os setores da empresa serão abarcados.
A compreensão do organograma linear é intuitiva, já que a disposição vertical explicita quais são as relações hierárquicas de cada setor, a começar pelo líder de maior cargo e terminando no posto mais júnior ou cargo de entrada.
Vale lembrar que o organograma deverá sempre ser atualizado, conforme a empresa cresce, faz fusões, ou seja, quando ocorrem mudanças na estrutura organizacional que resultam em alterações no modelo funcional.
Saiba mais: O que é um Organograma Circular? Entenda como funciona!
O objetivo do organograma linear é facilitar a visualização da estrutura dos times, por exemplo: quais funções estão no mesmo nível de senioridade e quem é o “par” de quem; qual é o gestor direto de cada colaborador, e assim por diante.
Ter as informações sistematizadas dessa forma evita que os colaboradores não saibam para onde correr quando precisam. Basta dar uma olhada no organograma e todos saberão exatamente a quem recorrer.
É fundamental definir funções, delimitar quem faz o que e como as coisas se interligam, de modo que se possa coordená-las. Acompanho muitos relatos de empresas que crescem muito antes de terem esse preparo, o que se torna um tremendo desafio.
Quando se tem uma empresa pequena, ou um time pequeno, muitas vezes tudo pode funcionar só na base da colaboração — se tiver pessoas bem-intencionadas.
Porém, à medida que a empresa cresce, muito mais do que de colaboração, ela precisa de sistematização e coordenação, a fim de que haja sinergia entre as estruturas e para cadenciar a execução.
Estruturar o time da forma correta faz com que o trabalho flua, porque cada um conhece o seu respectivo papel e não bate cabeça.
Não se trata de burocratizar as estruturas — isso prejudica a transparência e resulta em pessoas movidas a cumprir regras, em vez de buscar resultados —, e sim de botar ordem na casa.
Clareza e boa comunicação são cuidados importantes, fatores-chave para atingir resultados. O mundo está muito mais dinâmico e competitivo. Neste momento, não se pode desperdiçar nenhum cérebro na organização.
Enquanto o organograma linear é a representação gráfica das posições de trabalho, a matriz de responsabilidade serve para especificar quais são as tarefas (ou responsabilidades, como o próprio nome diz!) de cada colaborador.
Juntos, fornecem uma fotografia completa da gestão e da operação da empresa.
Assim como o organograma linear, a matriz de responsabilidade também pode ser organizada em forma de tabela. Neste caso, não são necessariamente os cargos que são listados, e sim os papéis a serem executados em projetos ou operações, acompanhados dos processos e das tarefas.
Um estudo de caso na área de gerenciamento de projetos aponta para o fato de que a ausência do organograma linear e da matriz de responsabilidade nas organizações prejudica o desenvolvimento dos projetos e interfere negativamente nos resultados.
A mesma pesquisa demonstra que a falta dessas ferramentas está atrelada à má comunicação entre colaboradores, hierarquia e autoridade difusas e dificuldade para trabalho em equipe.
A principal diferença entre eles é que o fluxograma linear é uma representação dos papéis e das respectivas funções a serem executadas em um processo, enquanto o organograma linear sistematiza toda a organização.
Ou seja, o fluxograma serve a fins mais específicos e tende a mudar com mais facilidade, de acordo com o projeto ou a operação em voga. Já o organograma, ainda que também seja vivo, costuma ser mais estável e mudar com menos frequência.
Ambos são um mapa para guiar os colaboradores — mas enquanto o organograma mais parece um mapa de papel, fixo, o fluxograma é como um GPS, com diferentes possibilidades de rota de acordo com o processo.
Em tempos como o atual, em que os modelos de trabalho híbrido e remoto têm sido cada vez mais adotados, o organograma linear facilita a gestão. Afinal, o modelo linear deixa mais explícita a estrutura hierárquica da organização.
Isso ajuda na comunicação, já que deixa claro a quem o colaborador deve se reportar em quaisquer situações, a quem pedir (ou de quem cobrar). Em situações de crise ou de incerteza, é reconfortante saber a quem recorrer com facilidade.
Nem tudo o que um funcionário executa costuma estar exatamente descrito ou se repetir todos os dias. Dúvidas podem surgir. Novos colaboradores podem entrar na equipe. No home office, é fácil que uma pessoa mais tímida se sinta perdida e não saiba como solucionar um problema.
Ainda, muitos líderes têm dificuldades para gerenciar times a distância e relatam ter dificuldade para identificar a importância de cada colaborador quando não estão todos sob os olhos dele.
Então, para fazer as coisas acontecerem, certamente será necessária interação com os pares, com outras áreas e sobretudo com o gestor.
Para isso, é interessante que os funcionários consigam percorrer esses caminhos, sabendo “quem é quem” na organização.
O organograma linear também pode revelar problemas na estrutura da empresa. Ele permite visualizar caso existam setores muito “inchados”, grandes departamentos com gargalos de gestão ou pequenos demais e que possam ser fundidos.
Saiba mais: Liderança corporativa: como engajar e gerar resultados em tempos disruptivos
Pense em um formato bem clássico de representação de hierarquia: a pirâmide. Esta pode ser uma das formas para montar uma estrutura de organograma linear. No topo, estará o principal líder da organização (o diretor-executivo ou CEO).
Logo abaixo, estarão os executivos que respondem diretamente a ele, ramificando-se, então, para seus subordinados diretos; lado a lado, ficarão todos que ocupam o mesmo cargo e com o mesmo nível de senioridade, ou seja, os respectivos pares.
Outro grande clássico é a tabela. Na linha superior, ficam os cargos, enquanto as colunas servem para descrever as funções executadas na empresa.
Ícones, ou qualquer outra representação visual ou textual, podem ser usados para identificar se determinado cargo executa ou não a função descrita.
O organograma linear é a representação visual da hierarquia e de como as responsabilidades estão distribuídas. Ou seja, ele mostra como as coisas funcionam na empresa.
Com isso, a comunicação corporativa — um dos ingredientes mais importantes na receita de relacionamentos interpessoais bem-sucedidos no trabalho — fica mais refinada, pois evitam-se gargalos e “telefones sem fio” no meio do caminho.
Assim, o diálogo pode ocorrer de maneira mais direta, algo imprescindível para evitar confusões e garantir que todos estejam na mesma página.
Em suma, o organograma linear é o mapa da estrutura organizacional, super importante para empresas que precisam de clareza ao definir responsabilidades, delinear hierarquias, facilitar a comunicação e identificar problemas.
Ricardo Basaglia é CEO da Michael Page no Brasil e é autor do best-seller Lugar de Potência. Hoje é o headhunter mais acompanhando do Brasil, produzindo conteúdo sobre Carreira & Liderança nas redes sociais e podcast. https://www.instagram.com/ricbasaglia/
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