Muitas vezes, ao pensar em doenças ocupacionais, é comum imaginarmos ambientes industriais, com máquinas pesadas e condições adversas. No entanto, o perigo também pode estar em locais aparentemente seguros, como escritórios bem decorados e locais privados.
A realidade é que, independentemente do local, todos os ambientes de trabalho apresentam seus próprios desafios quando o assunto é saúde ocupacional. Doenças como LER/DORT, estresse e até problemas respiratórios podem surgir em contextos que, à primeira vista, parecem inofensivos.
Neste artigo, vamos falar sobre o que são as doenças ocupacionais, entender suas causas, e explorar como podemos prevenir e combater esses males que afetam tanto a qualidade de vida dos colaboradores quanto a produtividade das empresas.
As doenças ocupacionais são caracterizadas pela ligação direta com as atividades exercidas no ambiente de trabalho.
Para que uma enfermidade seja considerada ocupacional, é necessário que exista uma relação de causa e efeito entre o trabalho desempenhado e o problema de saúde apresentado pelo colaborador.
Isso significa que a exposição contínua a condições adversas, como agentes químicos, físicos, biológicos, ou até mesmo fatores ergonômicos e psicossociais, é o que desencadeia a doença.
Além disso, a legislação trabalhista estabelece critérios específicos para o reconhecimento dessas doenças, garantindo que, uma vez comprovada a relação com o trabalho, o colaborador tenha acesso aos direitos e benefícios correspondentes, como afastamento remunerado e assistência médica.
Esteja certo disso: as doenças ocupacionais não surgem por acaso. Elas são resultado de uma combinação de fatores presentes no ambiente de trabalho, que podem variar de acordo com o tipo de atividade desempenhada.
Entre os principais aspectos que contribuem para o desenvolvimento dessas enfermidades, estão a exposição a agentes físicos, químicos e biológicos. Trabalhadores que lidam com substâncias tóxicas, como solventes ou pesticidas, por exemplo, estão mais propensos a desenvolver problemas respiratórios ou doenças de pele.
Outro fator relevante é a sobrecarga física, que pode ocorrer em atividades que exigem esforços repetitivos, postura inadequada ou levantamento de peso. Profissionais que passam longas horas sentados, como em escritórios, correm o risco de desenvolver Lesões por Esforço Repetitivo (LER) ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Além disso, não podemos ignorar o impacto dos fatores psicossociais, como o estresse constante, a pressão por resultados e o assédio moral. Esses elementos podem desencadear doenças mentais, como ansiedade, síndrome de burnout e depressão, que também são consideradas doenças ocupacionais.
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Por fim, a falta de medidas preventivas e de um ambiente de trabalho seguro também agravam a situação. Empresas que não investem em ergonomia, equipamentos de proteção ou programas de saúde e bem-estar aumentam o risco de seus colaboradores desenvolverem doenças relacionadas ao trabalho.
De acordo com as atualizações recentes do Ministério da Saúde, divulgadas em 2024, as doenças ocupacionais que mais acometem os trabalhadores brasileiros refletem tanto os desafios tradicionais quanto os novos riscos emergentes no ambiente de trabalho. Veja os principais grupos:
Distúrbios musculoesqueléticos, como as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Essas condições continuam sendo uma das principais causas de afastamento, resultantes de má postura, sobrecarga física e repetição de movimentos (Serviços e Informações do Brasil).
Transtornos mentais, especialmente a síndrome de burnout, depressão e ansiedade, ganharam maior atenção na lista de 2024. Essas condições refletem o impacto crescente do estresse e da pressão no ambiente de trabalho, especialmente em profissões que exigem alto desempenho contínuo.
Doenças respiratórias relacionadas à exposição a poeiras e substâncias químicas, como a antracose pulmonar e a bissinose, também foram destacadas. Além disso, a Covid-19 permanece uma preocupação relevante, especialmente para trabalhadores que contraíram a doença no ambiente de trabalho.
Câncer ocupacional também entrou na lista de 2024, com a identificação de novos tipos de câncer relacionados a exposições prolongadas a agentes carcinogênicos no ambiente de trabalho.
As doenças ocupacionais podem ser classificadas em várias categorias, dependendo de sua origem e dos fatores de risco envolvidos no ambiente de trabalho. As principais são:
Essas doenças afetam músculos, tendões e articulações, causadas por esforços repetitivos e posturas inadequadas. Exemplos incluem Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Relacionadas à inalação de poeiras e substâncias químicas, essas doenças incluem antracose pulmonar e bissinose, comuns em setores como mineração e indústrias têxteis.
Causadas pelo contato com agentes químicos ou biológicos, resultam em condições como dermatites de contato, especialmente em trabalhadores expostos a produtos corrosivos.
Resultantes da exposição prolongada a ruídos altos, como em indústrias e construção civil, levando à perda auditiva induzida por ruído (PAIR).
Incluem condições como burnout, ansiedade e depressão, frequentemente causadas por estresse e pressão no ambiente de trabalho.
Comuns em profissionais de saúde, essas doenças são adquiridas através do contato com agentes biológicos, como vírus e bactérias.
O estresse ocupacional pode desencadear ou agravar doenças cardiovasculares, como hipertensão e infartos, especialmente em ambientes de alta pressão.
Agora que você já conheceu os tipos de doenças ocupacionais, veja os principais males que acometem os trabalhadores:
Burnout é uma síndrome de esgotamento físico e emocional causada pelo estresse crônico no trabalho, comum em profissões que exigem alta performance contínua.
DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) envolve lesões em músculos, nervos e tendões, geralmente causadas por movimentos repetitivos e posturas inadequadas em atividades manuais.
Lesão por Esforço Repetitivo (LER) afeta músculos e nervos devido à repetição constante de movimentos, comum em atividades como digitação ou trabalhos em linha de produção.
Síndrome do Túnel do Carpo resulta da compressão do nervo mediano no pulso, causada por atividades repetitivas, como uso constante de ferramentas ou digitação.
Epicondilite lateral (cotovelo de tenista) é a inflamação dos tendões do cotovelo, comum em trabalhadores que realizam movimentos repetitivos de rotação do antebraço, como em atividades industriais ou esportivas.
Síndrome do Desfiladeiro Torácico é a compressão de nervos ou vasos sanguíneos entre a clavícula e a primeira costela, geralmente causada por atividades repetitivas que envolvem a elevação dos braços.
Tendinite é a inflamação dos tendões, frequentemente resultante de movimentos repetitivos, comum em atividades como pintura, carpintaria e digitação.
Bursite é a inflamação das bursas, pequenas bolsas cheias de líquido que protegem as articulações, comum em atividades que exigem pressão repetitiva sobre as articulações.
Tenossinovite é a inflamação do revestimento da bainha que envolve um tendão, causada por uso excessivo ou movimentos repetitivos, frequentemente observada em trabalhos manuais repetitivos.
Confira o ranking das doenças ocupacionais que mais causaram afastamento no Brasil em 2023, de acordo com dados do Ministério da Previdência Social:
Doenças do trabalho e doenças ocupacionais são termos distintos no contexto da saúde do trabalhador, embora ambos estejam relacionados ao ambiente laboral.
Doenças do trabalho são aquelas desencadeadas ou agravadas pelas condições específicas do ambiente em que o trabalhador exerce suas atividades. Elas surgem devido a fatores de risco presentes no local de trabalho, como exposição a agentes químicos, biológicos ou físicos. Por exemplo, uma pessoa que desenvolve asma após trabalhar em um ambiente com alta concentração de poeira está sofrendo de uma doença do trabalho, pois a condição foi diretamente causada pelas circunstâncias do local.
Já as doenças ocupacionais são aquelas que têm uma relação mais direta com a natureza da atividade desempenhada pelo trabalhador. Elas são previsíveis e diretamente relacionadas ao tipo de trabalho realizado, independentemente do local em que ele é executado. Um exemplo clássico é a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) em trabalhadores que executam tarefas repetitivas, como digitação ou trabalho em linha de produção. Nesse caso, a doença é uma consequência quase inevitável da função desempenhada, não necessariamente das condições específicas do ambiente.
A principal diferença entre as duas é que a doença ocupacional está ligada à própria atividade exercida, enquanto a doença do trabalho é resultante das condições do ambiente de trabalho. Ambas, no entanto, garantem ao trabalhador direitos legais, como acesso a benefícios previdenciários e estabilidade no emprego, desde que comprovada a relação entre a doença e o trabalho.
Veja a tabela comparativa:
As doenças ocupacionais têm um impacto profundo tanto para os colaboradores quanto para as empresas. Elas afetam a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores e podem resultar em perdas financeiras e de produtividade para as organizações. Veja a lista das principais implicações para colaboradores e para os negócios.
Doenças ocupacionais, como Lesão por Esforço Repetitivo (LER) ou burnout, podem causar dores crônicas e limitações físicas, comprometendo a capacidade do colaborador de realizar suas funções. Além do impacto físico, o aspecto psicológico também é significativo, levando a problemas como ansiedade e depressão.
Afastamentos prolongados devido ao tratamento dessas doenças podem resultar em perda de renda, além de prejudicar o desenvolvimento da carreira. A recuperação e a readaptação ao trabalho podem ser desafiadoras, gerando incertezas sobre o futuro profissional.
Com o afastamento do ambiente de trabalho, o colaborador pode enfrentar isolamento social, agravando a situação emocional. O distanciamento dos colegas e a perda do senso de pertencimento podem impactar ainda mais o bem-estar.
Doenças ocupacionais geram custos diretos, como tratamentos médicos e indenizações, e indiretos, como queda na produtividade e necessidade de substituição temporária de funcionários. Além disso, o aumento da rotatividade de pessoal pode exigir novos investimentos em recrutamento e treinamento.
A ausência de colaboradores qualificados e a sobrecarga dos colegas podem reduzir a eficiência operacional. A falta de continuidade nos processos também pode comprometer a qualidade dos serviços ou produtos oferecidos.
Empresas que não investem na saúde e no bem-estar dos colaboradores podem sofrer danos à sua reputação. Isso pode dificultar a atração e retenção de talentos, além de impactar a relação com clientes e parceiros, que cada vez mais valorizam práticas de responsabilidade social e sustentabilidade.
O combate às doenças ocupacionais tem se tornado cada vez mais eficaz com o apoio da tecnologia. São inovações que ajudam a prevenir o surgimento de doenças, e tornam o dia a dia dos colaboradores mais seguro e confortável. Com isso, o ambiente fica mais eficiente e acolhedor. A seguir, você confere algumas das principais tecnologias que estão fazendo a diferença nesse cenário.
Wearables monitoram indicadores de saúde em tempo real, como postura e níveis de estresse, ajudando a prevenir doenças ocupacionais com feedback imediato.
Exoesqueletos reduzem o esforço físico em tarefas pesadas, oferecendo suporte ergonômico e prevenindo lesões musculoesqueléticas.
Softwares de ergonomia ajustam estações de trabalho de acordo com as necessidades individuais, enquanto a realidade aumentada simula ambientes e tarefas para identificar riscos.
A IA analisa dados de monitoramento para identificar padrões de risco e prever doenças ocupacionais antes que os sintomas apareçam.
Plataformas digitais de saúde mental oferecem apoio psicológico, consultas online e programas de gerenciamento de estresse para prevenir doenças psicológicas ocupacionais.
Cobots (robôs colaborativos) trabalham ao lado dos colaboradores, executando tarefas repetitivas e físicas, reduzindo o risco de lesões e aumentando a segurança no trabalho.
Nem todas as doenças que afetam os trabalhadores são consideradas ocupacionais. Para que uma doença seja classificada como ocupacional, ela precisa ter uma relação direta com as atividades desempenhadas pelo colaborador. Abaixo, destaco algumas que, mesmo podendo ocorrer no ambiente de trabalho, não são consideradas ocupacionais.
Essas são doenças que surgem naturalmente com o envelhecimento ou com a degeneração dos tecidos, como a osteoartrite ou o Alzheimer. Mesmo que essas condições possam se manifestar durante o período de trabalho, elas não estão diretamente ligadas às atividades profissionais.
Doenças que são comuns em determinadas regiões, como a malária em áreas de risco, não são consideradas ocupacionais, a menos que o trabalhador tenha sido exposto a essas condições em virtude de sua ocupação específica.
Condições que estão mais ligadas ao estilo de vida ou predisposição genética, como diabetes tipo 2 ou hipertensão, não são classificadas como ocupacionais. Mesmo que o estresse do trabalho possa agravar esses problemas, a doença em si não é causada pela atividade profissional.
Qualquer condição de saúde que não tenha ligação com o trabalho realizado ou com o ambiente de trabalho, como um resfriado comum ou uma gripe, não pode ser considerada ocupacional.
Se a causa de uma doença não puder ser diretamente relacionada ao trabalho, ela não será classificada como ocupacional. Por exemplo, uma alergia que não pode ser claramente atribuída a uma substância presente no ambiente de trabalho não seria considerada ocupacional.
Essas categorias ajudam a diferenciar quais condições são de fato causadas pelo trabalho e quais não têm essa relação direta. Isso é importante para garantir que apenas as doenças realmente ligadas ao ambiente ou à atividade profissional sejam tratadas como ocupacionais, tanto para a proteção dos trabalhadores quanto para a clareza das responsabilidades das empresas.
Comprovar uma doença ocupacional pode ser um processo detalhado, pois envolve a demonstração de que a condição de saúde do trabalhador está diretamente relacionada às atividades que ele desempenha no ambiente de trabalho. Veja os principais passos e elementos necessários para essa comprovação:
O primeiro passo para comprovar uma doença ocupacional é obter um diagnóstico claro por meio de exames médicos específicos. O trabalhador deve procurar um médico especializado, preferencialmente em medicina do trabalho, para realizar exames clínicos e laboratoriais que confirmem a doença. O laudo médico é um documento essencial, pois ele deve conter a descrição da doença, os sintomas, o histórico do paciente, e, principalmente, a relação entre a condição e as atividades exercidas no trabalho.
O histórico ocupacional do trabalhador é outro elemento crucial na comprovação de uma doença ocupacional. Esse histórico deve detalhar as funções exercidas, as condições do ambiente de trabalho e a exposição a fatores de risco, como substâncias tóxicas, movimentos repetitivos ou situações de estresse elevado. Quanto mais detalhado for o histórico, maiores as chances de estabelecer um vínculo claro entre a atividade profissional e a doença.
A CAT é um documento oficial que deve ser preenchido pela empresa ou pelo trabalhador em casos de doenças ocupacionais. A CAT é fundamental para que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) reconheça a doença como relacionada ao trabalho, permitindo que o trabalhador tenha acesso aos benefícios previdenciários. Mesmo que a empresa não emita a CAT, o trabalhador ou seus representantes podem fazê-lo junto ao INSS.
Após a emissão da CAT, o trabalhador passará por uma perícia médica no INSS. O perito avaliará o laudo médico, o histórico ocupacional e outros documentos para determinar se a doença é de fato ocupacional. Essa perícia é determinante para o reconhecimento oficial da doença pelo INSS e para a concessão de benefícios, como o auxílio-doença acidentário.
Além do laudo médico e do histórico ocupacional, outros documentos podem ser úteis na comprovação da doença ocupacional. Exemplos incluem relatórios de inspeção do local de trabalho, registros de exames periódicos realizados pela empresa, depoimentos de colegas de trabalho e até fotos ou vídeos que demonstrem as condições do ambiente laboral.
Em casos mais complexos ou quando a empresa nega a relação entre a doença e o trabalho, pode ser necessário buscar apoio jurídico. Sindicatos de categorias profissionais e advogados especializados em direito do trabalho podem auxiliar na coleta de provas, na orientação sobre os direitos do trabalhador e no encaminhamento de ações judiciais, se necessário.
Acompanhar e diagnosticar doenças ocupacionais de forma eficaz depende de exames específicos que avaliam o impacto das atividades profissionais na saúde dos trabalhadores. Esses exames variam conforme a natureza da atividade exercida e os riscos envolvidos. Aqui, apresentamos os principais exames utilizados para monitorar e diagnosticar doenças ocupacionais.
Esses exames geralmente incluem avaliações de pressão arterial, frequência cardíaca, índice de massa corporal (IMC), e testes de glicemia e colesterol. Eles ajudam a detectar condições como hipertensão e diabetes, que podem ser agravadas pelo estresse no trabalho.
Radiografias e outros exames de imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, são essenciais para diagnosticar doenças osteomusculares, como Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). Esses exames permitem visualizar o estado das articulações, músculos e ossos, identificando lesões ou alterações estruturais que podem ter sido causadas por atividades repetitivas ou posturas inadequadas.
Este é um exame utilizado para avaliar a função dos músculos e dos nervos que os controlam. Ele é particularmente útil no diagnóstico de condições como a síndrome do túnel do carpo e outras neuropatias associadas ao trabalho. A EMG mede a resposta dos músculos a estímulos nervosos, ajudando a identificar danos que possam estar relacionados ao esforço repetitivo.
Exame que avalia a função pulmonar, sendo fundamental para o monitoramento de doenças respiratórias ocupacionais, como a silicose ou a asbestose. Esse teste mede a quantidade de ar que a pessoa consegue expirar e a velocidade dessa expiração, identificando possíveis obstruções nas vias aéreas causadas pela inalação de partículas nocivas no ambiente de trabalho.
Este teste é essencial para monitorar a saúde auditiva de trabalhadores expostos a altos níveis de ruído, como em indústrias ou construção civil. O exame mede a capacidade auditiva, ajudando a diagnosticar perda auditiva induzida por ruído (PAIR), uma condição comum em ambientes com som intenso.
Para trabalhadores expostos a substâncias químicas, os testes de alergia e exames dermatológicos são importantes para identificar doenças de pele ocupacionais, como a dermatite de contato. Esses testes ajudam a determinar se uma reação alérgica ou irritação cutânea está relacionada ao contato com substâncias no ambiente de trabalho.
Análises de sangue e urina são frequentemente utilizados para monitorar a exposição a substâncias tóxicas, como metais pesados ou solventes. Esses testes podem detectar níveis elevados de substâncias nocivas no corpo, permitindo uma intervenção precoce antes que os efeitos adversos se tornem graves.
Para acompanhar doenças ocupacionais relacionadas ao estresse, como o burnout ou transtornos de ansiedade, testes de estresse e avaliações psicológicas são essenciais. Esses exames ajudam a avaliar o impacto psicológico do trabalho sobre o colaborador e identificar a necessidade de intervenção ou tratamento.
Quando um trabalhador é diagnosticado com uma doença ocupacional, ele tem direito a uma série de benefícios e proteções legais garantidos pela legislação brasileira. Veja quais são eles e as bases legais que os sustentam.
O trabalhador diagnosticado com uma doença ocupacional tem direito ao afastamento remunerado. Nos primeiros 15 dias, a empresa paga o salário do colaborador. A partir do 16º dia, ele passa a receber o auxílio-doença acidentário do INSS, conforme previsto no artigo 59 da Lei nº 8.213/1991. Esse benefício é concedido enquanto durar a incapacidade para o trabalho.
O trabalhador que retorna ao trabalho após se afastar por doença ocupacional tem direito à estabilidade no emprego por 12 meses, conforme o artigo 118 da referida Lei nº 8.213/1991. Durante esse período, ele não pode ser demitido sem justa causa, garantindo sua segurança financeira enquanto se recupera.
Se a doença ocupacional for resultado de negligência da empresa, o trabalhador pode buscar indenizações por danos morais e materiais. O direito a essas indenizações está previsto nos artigos 7º, inciso XXVIII da Constituição Federal de 1988 e no artigo 927 do Código Civil. Isso pode incluir indenizações por sofrimento, despesas médicas e perda de capacidade de trabalho.
O trabalhador que não pode retornar à sua função original devido à doença ocupacional tem direito à reabilitação profissional. De acordo com o artigo 89 da Lei nº 8.213/1991, que mencionamos nos tópicos anteriores, o INSS deve fornecer programas de reabilitação para capacitar o trabalhador para uma nova função, compatível com sua saúde.
Diferente do afastamento por doença comum, no caso de doença ocupacional, o trabalhador tem direito ao depósito do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) durante o período de afastamento, conforme o artigo 15, §5º da Lei nº 8.036/1990. Isso garante a continuidade dos seus direitos trabalhistas.
Se a doença ocupacional resultar em incapacidade permanente e irreversível para o trabalho, o trabalhador pode ter direito à aposentadoria por invalidez, de acordo com o artigo 42 da Lei nº 8.213/1991. Esse benefício é concedido quando o INSS reconhece que o trabalhador não pode mais exercer nenhuma atividade profissional.
Além dos benefícios previdenciários, o trabalhador tem direito à assistência médica e aos tratamentos necessários para sua recuperação. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 169, estabelece que a empresa deve fornecer condições de segurança e saúde no trabalho. Caso a doença seja resultado da falta dessas condições, a empresa pode ser responsabilizada pelo custeio dos tratamentos.
Prevenir doenças ocupacionais é uma responsabilidade do RH, e envolve a implementação de estratégias que promovam um ambiente de trabalho seguro e saudável. Veja algumas estratégias que podem ser adotadas para mitigar riscos:
O RH pode implementar programas de ergonomia que incluam avaliações periódicas das estações de trabalho, ajustes de cadeiras, mesas e equipamentos, e treinamento sobre posturas corretas. Investir em móveis ajustáveis e equipamentos ergonômicos, como teclados e mouses específicos, pode reduzir o risco de Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT).
Incentivar pausas regulares durante a jornada de trabalho é uma estratégia simples, mas eficaz, para prevenir o cansaço e as lesões relacionadas ao esforço repetitivo. A ginástica laboral, que envolve exercícios de alongamento e relaxamento realizados no local de trabalho, também ajuda a melhorar a circulação sanguínea e a reduzir a tensão muscular, prevenindo doenças como a LER e a síndrome do túnel do carpo.
Doenças ocupacionais não se limitam às condições físicas; problemas de saúde mental, como o burnout, também são uma preocupação crescente. O RH pode criar programas de saúde mental que ofereçam suporte psicológico, sessões de terapia, e programas de meditação. Estabelecer uma cultura de trabalho que valorize o equilíbrio entre vida pessoal e profissional também é crucial para prevenir o estresse e a exaustão mental.
O RH deve oferecer treinamentos regulares sobre saúde e segurança no trabalho, incluindo o uso correto de equipamentos de proteção individual (EPIs), posturas adequadas e práticas seguras no ambiente laboral. Esses treinamentos ajudam os colaboradores a reconhecerem e evitarem comportamentos que possam resultar em doenças ocupacionais.
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Implementar programas de monitoramento de saúde e exames médicos periódicos é uma forma eficaz de identificar precocemente possíveis doenças ocupacionais. O RH deve garantir que os trabalhadores passem por exames regulares, especialmente aqueles expostos a riscos específicos, como ruído excessivo ou substâncias químicas. Esse acompanhamento médico permite intervenções rápidas, antes que as condições se agravem.
Avaliar e mitigar os riscos ambientais no local de trabalho é outra responsabilidade do RH. Isso inclui melhorar a ventilação para reduzir a exposição a produtos químicos, controlar níveis de ruído e garantir iluminação adequada. A implementação de práticas de segurança e a manutenção de equipamentos também são fundamentais para prevenir acidentes e doenças.
Quando um colaborador se recupera de uma doença ocupacional, o RH deve ter políticas de retorno ao trabalho que garantam uma transição segura e gradual. Isso pode incluir adaptações na carga de trabalho, horários flexíveis e suporte contínuo para garantir que o colaborador esteja fisicamente e mentalmente apto para retomar suas atividades sem risco de recaída.
O RH pode investir em tecnologias de monitoramento, como wearables e softwares de ergonomia, para acompanhar a saúde dos colaboradores em tempo real. Essas ferramentas ajudam a identificar padrões de risco, como postura inadequada ou níveis elevados de estresse, permitindo intervenções preventivas.
É uma condição de saúde diretamente relacionada à atividade profissional exercida pelo trabalhador, causada pela repetição de tarefas ou exposição a riscos.
Doenças do trabalho são causadas pelo ambiente laboral, enquanto doenças ocupacionais estão ligadas à atividade profissional em si.
A comprovação envolve laudos médicos, histórico ocupacional e perícia do INSS para estabelecer o vínculo entre a doença e o trabalho.
O trabalhador tem direito a afastamento remunerado, estabilidade no emprego, FGTS durante o afastamento, reabilitação profissional e, em alguns casos, indenizações.
Exames como radiografias, eletromiografias, espirometria, audiometria e testes de estresse são comuns no acompanhamento de doenças ocupacionais.
Implementando ergonomia, ginástica laboral, programas de saúde mental, treinamentos, monitoramento de saúde e redução de riscos ambientais.
Wearables, exoesqueletos, softwares de ergonomia, inteligência artificial e robótica colaborativa são algumas das inovações utilizadas.
Doenças degenerativas, endêmicas e relacionadas a fatores de risco pessoais, como diabetes e hipertensão, não são classificadas como ocupacionais.
A CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) é um documento que registra doenças ocupacionais, essencial para garantir direitos previdenciários.
É a garantia de 12 meses de estabilidade no emprego após o retorno ao trabalho, conforme a Lei nº 8.213/1991.
A saúde ocupacional é um tema fundamental para garantir a qualidade de vida dos colaboradores e a sustentabilidade das empresas. Ao longo deste artigo, você viu que as doenças ocupacionais podem surgir em qualquer ambiente de trabalho, seja em um escritório moderno ou em uma linha de produção industrial. O importante é reconhecer os riscos e adotar medidas preventivas para minimizar os impactos.
Para as empresas, investir em ergonomia, saúde mental e segurança no trabalho, além de ser uma questão de responsabilidade social, é também uma estratégia inteligente para reduzir custos com afastamentos e melhorar a produtividade. A implementação de tecnologias, treinamentos e programas de monitoramento são ferramentas eficazes para criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável.
Por fim, tanto empregadores quanto colaboradores devem estar cientes dos direitos e deveres relacionados às doenças ocupacionais. A prevenção é o melhor caminho, mas caso a doença se manifeste, é essencial que o trabalhador receba o apoio necessário para sua recuperação e reintegração ao trabalho.
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